José Sócrates encerrou mais um ciclo de governação socialista! Fê-lo de forma exemplar, assumindo sozinho as responsabilidades de todos nós. Uns mais do que outros, é certo, mas, convenhamos, a derrota do PS é de todos e não apenas de um.
Mas, o Secretário-geral do PS não se limitou a encerrar um ciclo da governação. Foi mais longe e encerrou o seu próprio ciclo, abrindo espaço a novos e renovados caminhos.
Há uma nova realidade e, ignorá-la, poderia ser fatal para o futuro do país e, também, do partido.
A grave crise que se abateu sobre o mundo e os efeitos que provocou nos países europeus, levou os governos a tomarem medidas gravosas e impopulares para o dia-a-dia dos cidadãos e, em consequência, a produzir um “vendaval” eleitoral, desfavorável a quem teve que as tomar.
Estes factores, creio bem, são bastantes para explicar o revés eleitoral do PS. Sócrates pessoalizou a derrota, demitiu-se!
O Primeiro-ministro demissionário retirou consequências do desaire, mas fê-lo com grande altruísmo, dignidade e espírito de sacrifício. Sim, digo sacrifício, porque foi ele quem assumiu os efeitos da derrota.
Da mesma forma que teve a coragem de decidir acabar com as subvenções vitalícias dos deputados, do Primeiro-ministro, dos autarcas e de tantas outras situações de privilégios, impôs a si próprio mais um sacrifício, renunciar exercer qualquer cargo político nos próximos anos.
A derrota eleitoral de 5 de Junho deve levar-nos a cerrar fileiras em torno dos valores em que acreditamos – especialmente os da solidariedade e da fraternidade – e a prosseguir o legado de José Sócrates. Responder aos problemas que vivemos, é o desafio. Se o não fizermos, o sacrifício de José Sócrates terá sido em vão.
E como ele próprio disse no seu memorável discurso da derrota, não é tempo de olhar para trás, ou de alimentar ressentimentos. O futuro está mesmo aí e ninguém perdoaria ao PS se este deixasse de procurar novos caminhos e novas opções para os portugueses.
Os portugueses, creio que ninguém duvida (a história recente é prova bastante) sempre viram o PS como um farol de esperança e esperam que assim continue.
Agora, o que precisamos mesmo é de preparar o futuro, de mostrar que temos preocupações sociais que outros nunca terão e que estaremos preparados para responder às necessidades dos cidadãos quando voltarmos a ser chamados ao governo.
Agora o importante é retemperar forças e, sem necessidade de refundar o que quer que seja (desiludam-se os que pensam que vão ter um novo PS), mostrar que somos capazes de superar divergências e desencontros.
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